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A certeza de que aquele DVD não seria algo bom de ver foi comprovada nas primeiras cenas. Aquilo devia ter sido gravado com algum tipo de magia madou e depois passado para a tecnologia mundana e normal. As primeiras cenas mostravam a chegada de Kaita Hideki em Kantai e seu encontro com Tsubasa. A decisão de deixá-lo na mesma casa que o menino enquanto Garai tomava conta de Rin. Então a partir daí tudo mudara: a primeira noite deles juntos, o início dos abusos, os espancamentos. Tudo em detalhes.

Kouga conseguiu também responder a própria dúvida referente à conversa com Goruba naquela noite, sobre ele ter exagerado. Tsubasa não estava participando de um jogo, ele realmente estava em pânico. Não conseguia se perdoar, como ele não percebeu a diferença na forma que o noivo agira? Tudo que ele havia passado: as humilhações, a forma como era lembrado da morte de seus pais, as “disciplinas”. Era fácil entender porque Dan passara a seguir todas as regras, em não deixar ninguém se aproximar com facilidade.

Rei também se torturava, lembrando a forma como tratara Tsubasa e desconfiando dele por causa de Leo. Seu comportamento com Dan fora idiota e infantil. Agira como um perfeito babaca, dando a entender que não se importava ou gostava do cavaleiro branco e era totalmente o contrário.


Kouga sentiu Leo se mover ao seu lado, o monge tinha os olhos avermelhados. Fora realmente difícil assistir aquilo, mas agora eles tinham como entender e ajudar Tsubasa melhor. Precisavam também ir atrás do Hideki e cumprir a missão dada, mas não queriam deixar o moreno sozinho. Mesmo que Hideki não fosse louco o suficiente para tentar entrar na mansão Saejima e com todos os feitiços de proteção que Leo colocava e aumentava a cada dia na casa (afinal da última vez ela fora até arrancada do chão e transformada em poeira), ainda assim eles não queriam deixar o cavaleiro branco sem alguém. E ainda existia a necessidade de eles conversarem.

Estavam aguardando que ele acordasse para isso, deixando Gonza de olho nele enquanto assistiam ao DVD. Só que isso já estava demorando por demais. Kouga levantou e caminhou pela sala. Estava assim pensando quando o mordomo se aproximou, avisando que Tsubasa havia acordado.

        — Prepare algo leve para ele comer, Gonza. — Kouga disse, já subindo para o quarto com os outros dois morenos o seguindo.

Gonza foi até a cozinha, ver o que podia fazer. Também estava preocupado com Tsubasa-sama, com toda aquela situação. Não poderia imaginar o que o rapaz tinha passado, apenas poderia ajudar Kouga-sama a cuidar dele e dos outros.

Tsubasa cobriu os olhos com a mão, a luminosidade o incomodando. Ele ouviu o barulho da porta já vendo Kouga entrar seguido por Rei e Leo. O modo como o ruivo o olhava, como todos estavam o encaravam, já dizia tudo. Eles sabiam sobre Kaita. Talvez soubessem sobre tudo. Aquilo na casa de Leo não fora um pesadelo, fora real.

        — Tsubasa. — A voz de Kouga o tirou do torpor, vendo o ruivo sentar ao seu lado. Dan se lembrou da noite anterior com ele cantando e o acalmando.

        — Vocês já sabem. — A voz de Dan era quase inaudível de tão baixa e fraca.
Kouga respirou fundo, virando o rosto de Tsubasa para si, deixando espaço suficiente para que ele se afastasse se quisesse. Não havia uma forma amena ou delicada para fazer aquilo, principalmente quando não era adepto a rodeios e enrolação.

        — Sim. O Senado ordenou a prisão de Kaita Hideki por denúncias referentes a abusos. Quando chegamos ao endereço indicado como sendo dele, encontramos fotos de todas as vítimas que já havia feito. E algumas delas eram suas. — Kouga falara, vendo a reação do moreno.

Tsubasa se abraçou, encolhendo o corpo e se afastando de Kouga. Lembrava-se das fotos, de como Kaita as tirava assim como registrava cada momento que passavam juntos.

        — Havia também um DVD com algumas filmagens. Com vocês. — Kouga viu o moreno cobrir o rosto com a mão. — Por que nunca disse nada sobre isso para nós, Tsubasa?

        — Dizer o que? Que quando fui treinado para cavaleiro na realidade eu era violentado e espancado todas as noites? Como mesmo eu falo sobre isso? Com qualquer um? — Tsubasa escondeu as mãos, tentando não mostrar o quanto elas tremiam. — Achei que tinha deixado tudo isso para trás, achei que ele tinha desaparecido ou sido morto por algum horror. Achei que havia superado.

        — Então agora você pode falar sobre isso. Confie em nós, Tsubasa. — Rei colocara as mãos sobre as do Dan.

        — Já sabem de tudo, o que mais posso falar? — Dan tentou se soltar, se afastar com Leo ficando do outro lado.

        — Nós sabemos o que Hideki quis nos mostrar, não a verdade. Essa é somente sua para nos contar, Tsubasa. — Rei também não se afastou, esperando o moreno se acalmar e falar.

Tsubasa levantou o rosto, vendo a expressão dos três cavaleiros. Não era apenas a vergonha de falar sobre isso, era o fato de admitir que mesmo sendo um cavaleiro algo assim o abalava. Era o medo que tinha daquilo afastá-los de si, que eles passassem a sentir desprezo e pena. Era o medo que aquilo fosse parar no ouvido de Rin. Respirou fundo, pensando na melhor maneira de fazer aquilo. De fazer com que eles não soubessem de tudo.

Tsubasa começou a falar pausadamente, sem olhar os outros, sem encarar nenhum deles. Ele falou sobre a morte de seus pais, sobre como carregava no coração a culpa de ter quebrado as regras impostas e como isso resultara na morte deles. Sobre a chegada de Kaita, tudo o que tinha acontecido, como ele se aproveitara desse trauma para aplicar todas as “disciplinas” nele. Como ele fora condicionado a temer e obedecer ao instrutor e como além de tudo isso ainda conseguira criar a irmã.
Falou sobre ficar sem comer, que Kaita não permitia que ele comesse e que falava o tempo todo que estava gordo e fora de forma, que fora isso que atraíra o horror naquele dia. Que mesmo que treinasse a exaustão não estaria à altura de seu pai usando a armadura de Dan.

        — Foi o sonho com Leo e Sigma que piorou isso não é? Você já estava pulando algumas refeições antes, mas não todas. — Rei falou baixo, já sabendo a resposta.

        — Quando houve todo o problema com Kouga e os sonhos começaram, eu me lembrei de muita coisa, mas, ainda assim, eram sonhos, ilusões. Com Leo… — Tsubasa parou de falar, engolindo um soluço.

Rei foi para frente, puxando o moreno para seus braços. Tsubasa ficou encolhido ali, sem falar mais nada. Kouga passou a mão no cabelo escuro de Dan, decidindo que já tinha sido o bastante.

        — Você precisa descansar e comer. — Kouga dissera, vendo a expressão de recusa em Tsubasa. — Sem negociação, mio prima Donna. (minha prima donna)
Rei sorriu o vendo corar, mas conhecendo bem Tsubasa já imaginava a luta que seria para que ele comesse algo. Kouga saiu para verificar como Gonza estava com a comida em si e Leo o seguira, talvez para falar alguma coisa a respeito de localizar Hideki. Ele sentiu o moreno tentar se soltar e se afastar.
        — Não precisa mais sentir pena ou dó de mim, Rei. Nem ficar perto. — Dan disse com um fiapo de voz, deixando Rei um pouco furioso consigo mesmo.

        — Tsubasa, olhe para mim. Como pode achar que eu não me importo com você, que tenho pena, dó? Como pode achar que quero você longe? Como realmente pode acreditar que não gosto de você? — Zero respirou fundo, sem desviar o olhar. — Eu fui um idiota, sei disso. Fiquei achando que estava fazendo aquilo por criancice, por birra ou algo pior. Achei que estava julgando o que Leo passara e nem vi que era o contrário. Eu me preocupo com você porque quero, não porque preciso. Não é obrigação te amar, Tsubasa.

Tsubasa arregalou os olhos, era a primeira vez que ouvira Rei dizer que o amava. Sempre achou que ele o tolerava. Gostava um pouco, mas não como era com Leo e Kouga. As mãos de Zero que segurava seu rosto estavam quentes, suaves.

        — Me desculpe por ter te tratado desse jeito, por ter falhado com você. Por não ter estado ao seu lado o tempo todo e tentado te ajudar. Por ter feito você duvidar do sentimento que nos une, Tsubasa. Não é pena, dó, conveniência, tolerância. É amor. Eu, Leo e Kouga. Nós te amamos. Nada que tenha acontecido ou acontecerá, nem ninguém será capaz de mudar isso. — Rei sentiu o moreno começar a tremer, limpando as lágrimas que caíam em sua face. — Nem achamos que é fraco por chorar, por tudo que aconteceu. Na realidade, você ter sobrevivido, ter vencido e ainda se tornado o cavaleiro que é, indica o contrário. Você é muito forte, Tsubasa. Não acredite no contrário, nunca. Rin é a prova viva que você é muito forte.

Tsubasa não conseguia conter as lágrimas, deitando a cabeça contra o peito do Rei, ficando ali por um bom tempo. Zero levantou seu rosto, sabendo que algumas vezes os atos expressavam muito mais do que as palavras. Tocando a boca dele com a própria, o cavaleiro prateado tentou deixar claro tudo o que falara. O beijo era delicado, doce, sem exigir nada em troca. Depois do que ele havia passado recentemente, Rei não queria forçar nada contra a sua vontade.

Tsubasa se entregou ao beijo, era muito bom se sentir protegido daquela forma, mas existia um fundo de pânico que vinha como uma onda, sem ele controlar. Sabia que Rei não o machucaria, mas não conseguia deixar de sentir o medo da mesma forma.

Rei aprofundou o beijo, puxando instintivamente Tsubasa para si e o deitando na cama. Ele sentiu o corpo menor se retesar, parando um pouco o que fazia. Olhando direito para o moreno, Zero percebeu o quanto ele estava assustado e que seus lábios tremiam. “Muito bom, Rei” o cavaleiro prateado pensou.

        — Tsubasa. — ele ouviu Rei o chamar, abrindo os olhos. — Eu não vou fazer nada que não queira, está bem? Desculpe por assustá-lo.

        — Está tudo bem, é só… — Rei colocou os dedos em sua boca, o silenciando.

             — Eu sei, não precisa dizer. Desculpe né? — Tsubasa foi puxado novamente, mas apenas para ficar deitado no peito do Rei.

Eles ficaram assim até Gonza entrar com a bandeja no quarto, trazendo uma sopa leve e um parfait de limão. O mordomo deixou a comida próxima a eles e saiu, fazendo uma reverência.

        — Hora do papa. — Rei disse sorrindo, vendo Tsubasa nem se mover. — Ah, qual é. Eu te dou na boca, faço até aviãozinho.

Vendo o olhar de morte do moreno, Rei deu um meio sorriso. Esse era o Tsubasa que conhecia e amava, na realidade. Levantou e pegou o prato nas mãos, vendo o outro se afastar. Respirando fundo e contando até dez, afinal ele estava em um momento fragilizado, Zero se aproximou novamente só para ver Dan sair da cama e quase ir parar do outro lado do quarto.

        — Tsubasa, se não começar a comer eu vou virar esse prato na sua goela. Ou melhor, eu vou chamar o Kouga para fazer isso. — Rei dissera bem devagar.

Tsubasa permaneceu a uma distância segura de Rei, se recusando a chegar perto. Zero olhou para cima, desistindo de ameaçar ou qualquer outra coisa. Deixando o prato na bandeja, ele foi até a porta do quarto.

Tsubasa ficou sem saber o que ele fazia ali, só entendendo o que era quando Kouga passou pelo moreno, fechando a porta. Sentiu até os pelos da nuca arrepiar com o olhar lançado em sua direção.

        — Tsubasa, o que eu disse sobre não ter negociação? — O ruivo caminhou devagar até o noivo, o puxando pelo braço e o levando até a cama.

Sentando o moreno e pegando o prato na mão, Kouga ainda tinha a paciência de esperar que ele abrisse a boca, colocando uma colher de sopa ali. Vendo o seu rosto ficar em um estranho tom de verde, o ruivo parou na segunda colher.

        — Tsubasa. Você precisa comer, nem que seja um pouco. Sei que é mais forte em seu psicológico e que isso afeta muito mais o seu físico, mas você precisa tentar comer. — Kouga dissera com doçura.

        — Eu sei, mas eu não consigo. — Dan respirava fundo, tentando manter a comida em seu estômago.
        — Posso tentar? — Kouga viu Leo entrar e pegar o prato de suas mãos. — Kouga-sama, deixa que faço isso. — O monge disse sorrindo, sentando próximo a Tsubasa e conversando baixo com ele.

O tom era calmo, educado, como tudo o que Leo fazia. Kouga não ouviu muito que o monge falava, mas percebeu que Tsubasa começava a comer devagar. Quando viu já havia devorado o prato de sopa e o doce. Rei estava ao seu lado, dando um assobio.

        — Achamos a mãe desse grupo. Todos de acordo de deixar os filhotes aos cuidados do Leozinho? — Rei dissera fazendo os outros o olharem com cara de não acredito. — Que é? Melhor babá não encontrei.

        — Ninguém é melhor do que Tsubasa-san nesse quesito, Rei-san. Isso aqui é apenas um truque de magia madou. — Leo apenas sorriu, balançando a cabeça. Nada como um pouco de magia madou para ajudar um psicológico abalado. Utilizara muito daquilo logo depois que Sigma desaparecera.

        — Bom, eu preciso ir atrás de Hideki e alguém precisa ficar com Tsubasa. — Kouga olhou para os três.

        — Eu fico. — Rei respondeu antes do Leo, vendo o monge retrucar. — Você ajudará mais rápido na localização do que eu, Leozinho. Vocês podem ir, nós ficaremos bem.

Kouga fez um sim, se aproximando de Tsubasa e o beijando. O cavaleiro dourado se afastou e saiu do quarto. Leo deu um beijo leve no Dan, seguindo o noivo. Rei se aproximou dele, deixando que deitasse em seu colo.

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Kaita Hideki estava furioso. Precisa de uma forma de tirar Tsubasa daquela mansão cheia de armadilhas e proteções, afinal o moreno lhe pertencia e não ao maldito Garo. Ele devia ter carregado Dan consigo naquele dia, mas não havia como escapar do cavaleiro dourado.

Uma das coisas que fizera com que ainda estivesse vivo era sua inteligência. Kaita sabia bem que não era páreo para nenhum deles, por isso nunca entraria em uma luta aberta e justa com aqueles quatro. Sim, Tsubasa tinha conhecimento, força e destreza o suficiente para derrotá-lo com facilidade, isso se não fosse o condicionamento psicológico que ele administrara no moreno.

Tsubasa sempre fora tão especial, tão delicioso. Existia algo naquele menino que atraíra a atenção de Kaita, muito mais do que fora planejado. Lógico que vieram outros, muitos outros depois dele, mas nenhum se comparava ao jovem Yamagatana. Esperara uma oportunidade para se reaproximar, mas fora denunciado por alguns de seus “alunos” e o Senado ordenara sua prisão. Que ironia eles terem chamado exatamente Garo para realizar isso. Pegou o arco que utilizava, era uma das suas armas favoritas. Ele fora modificado, assim como sua vestimenta.

Tudo o que usava fora modificado por magia madou para causar ainda mais danos em seus inimigos, ele nunca atacava também de forma aberta. Honra era para os tolos que morriam cedo, ele sobreviveria de um jeito ou de outro. Precisa achar um meio de atrair Tsubasa para fora daquela casa. Agia antes do tempo previsto, mas queria logo pegar o que era seu.

Olhou para um dos alarmes que havia implantado na casa de Kouga. O cavaleiro dourado pelo visto saíra novamente, talvez para caçá-lo no mínimo. Gostaria de saber se já viram todo o DVD que deixara com todos os momentos perfeitos ao lado de Tsu-chan. Bom, não era hora para aquilo. Precisava criar muitas armadilhas para recepcionar o grande Garo.

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Kouga surgiu em um complexo industrial, possivelmente abandonado. Leo estava ao seu lado e em suas mãos estava o localizador que havia preparado para achar Hideki. Ou ele estava por ali ou tinha preparado alguma das armadilhas que era conhecido em utilizar. Além de assistirem ao DVD, eles fizeram uma pesquisa. Leo principalmente, afinal esconder que utiliza algum tipo de magia madou do herdeiro do monge Amon era meio impossível.

Eles precisam definir exatamente quais os tipos que ele usava e onde. Leo tinha certeza que o braço de Tsubasa fora quebrado por causa de alguma ferramenta ou magia madou embutida em alguma parte da vestimenta de Hideki. O fato de ele ter conseguido escapar a primeira vez já indicara o uso de alguma magia de trapaça.

Os dois estavam andando pelo prédio principal, seguindo os traços específicos de Hideki e sua energia. Kouga percebeu o movimento, virando para o Leo e ele concordando, em um movimento sincronizado. De um momento para o outro eles foram banhados por uma chuva de adagas haja, flechas e vários feitiços de ataque. Os dois já estavam preparados para isso, bloqueando todos os ataques com facilidade com a barreira de proteção erguida pelo monge e ampliada com a espada do ruivo.

Kaita praguejou aquele maldito Garo e seu monge. Os dois realmente eram incríveis, nenhum deles fora sequer feridos pela primeira armadilha preparada. Ele os viu irem para a próxima, sorrindo.

Kouga e Leo entraram na sala, o lugar sendo tomado por uma explosão enorme. As paredes sendo totalmente destruídas e o fogo se alastrando rapidamente. Hideki estava preparado para a sua vitória quando viu o brilho da armadura dourada. Garo e Flash surgindo entre a fumaça e o fogo, sem nenhum arranhão novamente.

Os dois continuaram a procurar, seguindo exatamente na direção certa. Aquele monge deveria ser eliminado o mais depressa possível. Ele viu os dois escaparem de todas as armadilhas preparadas, uma atrás da outra. Estava na hora de arrumar uma nova estratégia, pensou ao desaparecer dali.

Kouga e Leo chegaram ali, o vendo fugir. Leo conseguindo criar um elo para continuar a seguir a energia dele. Ele podia continuar correndo, mas não iria muito longe.

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Rei sentiu Tsubasa se mexer, os dois estavam deitados na cama, a cabeça de Dan em seu colo e ele encostado contra a cabeceira. Ele viu o moreno soerguer o corpo um pouco, o cabelo todo bagunçado. Parecia ainda mais que um menino, até bem frágil.

Tsubasa sentiu os dedos em seu rosto, virando e o deitando contra a palma da mão de Rei, dando um beijo ali, o vendo se aproximar e o puxar para si. O beijo agora era mais urgente, mais exigente e sua intenção era clara. Ainda assim, Zero o deixava livre para se afastar se desejasse.

Era uma bobagem de não ser capaz de fazer aquilo com quem amava como sempre fizera. E Kaita Hideki não iria lhe retirar isso também. Tsubasa subiu o corpo, sentando no colo de Rei, as pernas em cada lado de seu corpo, sem parar o beijo. Ele levou as mãos do outro cavaleiro até a sua cintura, movendo o quadril de forma sugestiva. O gemido rouco que escapara dos lábios de Zero fora a melhor recompensa que já recebera.

Rei deslizou as mãos pela cintura fina de Tsubasa, subindo pelo corpo esguio. Dan tinha a aparência de um menino: delicado e frágil, mas seu corpo era firme, com músculos definidos. Era algo que o Zero sempre se deliciava em sentir, as formas perfeitas que ele tinha, a forma como enganava quem o achava tão doce e delicado e tinha nas mãos a fúria da natureza literalmente.

Eles se afastaram buscando respirar com Zero aproveitando para tirar a camisa que Tsubasa usava e a jogando de lado, o deixando fazer o mesmo com as suas roupas. Sentir a pele dele tocar na sua, a boca dele novamente contra seus lábios, o toque acetinado de sua língua. Rei ouviu Dan gemer baixo, a respiração cada vez mais ofegante.

        — Você é tão bonito, Tsubasa. Sabia disso? Cada curva sua, cada pedaço seu é um mistério que precisa ser descoberto. — Rei foi falando, acariciando a pele clara, seguindo até o seu sexo, apertando ele com os dedos. — Como uma caixa de bombons, cheio de surpresas e um prazer ainda maior em descobrir todas elas.

Tsubasa jogou a cabeça para trás soltando um grito rouco e falando o nome do Rei. Zero o deitou na cama ficando por cima ainda entre suas pernas abertas e aproveitando de todo o espaço que tinha para explorar melhor cada pedaço a sua frente.

Cada beijo que deixava, cada lambida que dava na pele e carne de Tsubasa, deixava uma trilha molhada. Ele sorriu chegando até a ereção, segurando a base dela e lambendo só a cabecinha rosada da glande, arrancando um gemido longo de Dan.

        — E doce também, todo doce. Hum, e eu gosto muito de doces, né? — Rei disse já sugando o sexo duro em suas mãos, fazendo com que Tsubasa arqueasse o corpo.

As mãos de Dan estavam agarradas firmes no lençol, puxando ele aos poucos. Rei o sugava com força e ainda assim com delicadeza, deixando claro que tudo era para ele, por ele. Pelo prazer de Tsubasa.
        — Rei, Rei… eu quero você em mim. Agora. Por favor. — Rei ergueu a cabeça, beijando a boca de Dan e se afastando.

        — Você tem certeza? Não é muito cedo para isso? — Rei fora calado por um beijo faminto e com Tsubasa rebolando de forma sensual e convidativa contra seu baixo-ventre.

        — Eu tenho, tenho toda a certeza que preciso. Quero você dentro de mim, me amando. Faça-me esquecer, faça-me apenas sentir que sou amado. Por favor. - Tsubasa respondeu, fazendo Rei sentir um aperto no coração.

        — Vous êtes aimé, Tsubasa. C'est comme dit de Kouga, notre prima donna, notre diva. Je vous faire oublier tout, toute la douleur et ne me souviens que notre amour, mon amour. (Você é amado, Tsubasa. É como Kouga diz, nossa prima donna, nossa diva. Eu faço você esquecer-se de tudo, de toda a dor e somente lembrar-se do nosso amor, do meu amor.) — Rei falara mesmo sabendo que Tsubasa não iria entender as palavras, mas o faria entender o significado.

Ele se afastou, indo até a mesa ao lado da cabeceira e pegando o creme que Kouga deixava ali, voltando para o moreno e o virando na cama, o deitando de bruços. Rei começou beijando toda a coluna de Tsubasa, indo devagar até a base e voltando pelo mesmo caminho. Ele chegou novamente à base, dando atenção para cada anca clara da bunda de Dan, mordendo devagar o lugar, beijando e lambendo suas curvas.

Tsubasa sentia o corpo tremer, esquentar e responder aos beijos de Rei. Soltou um grito mais fino quando o sentiu em seu rego, o nariz do moreno subindo e a língua dele em sua entrada, lambendo cada prega. Como Rei conseguia fazer algo tão imoral parecer ser a coisa mais romântica do universo? Mas era o que parecia com todo o preparo e cuidado que ele tinha naquele momento.

Rei trocara a língua por um dedo, todo melado no creme de vanilla. Ele entrou devagar, deixando que Tsubasa se acostumasse aos poucos e depois aumentando a pressão. Zero retirou o dedo, voltando com mais um e os rodando no canal apertado. Cada grito, cada palavra de Dan implorando por mais era a resposta que ele precisava para realmente fazer mais.

Quando sentiu que era o bastante, Zero passara a mão lambuzada em sua própria ereção, inchada e pingando. Ele voltou a virar Tsubasa para si. Não queria que fosse daquele jeito, queria que o moreno não tirasse os olhos de si, queria que ele visse todo o amor refletido em seu rosto.

Encaixando o corpo menor em seu colo, Rei deslizou a ereção pelo canal preparado, sentindo a pouca resistência e ainda vendo o desconforto no rosto de Dan, mudando a posição deles, ficando deitado enquanto o outro o cavalgava. Assim ele teria todo o controle, todo o comando.

Tsubasa sentiu que Rei estava todo dentro de si, começando a se mover, subindo e descendo. As mãos do Zero em sua cintura, em sua ereção, o masturbando. Era isso que ele queria, que ele desse o ritmo que desejasse. Rei o seguiria, faria o que ele quisesse. Inclinando o corpo, Dan abaixara o rosto para poder beijá-lo, mas sem parar de rebolar e de se mover.

Rei levou uma das mãos até o cabelo escuro do amante, namorado, noivo. Era isso que eles eram, não apenas de Kouga, mas entre si também. O beijo trocado era doce e quente ao mesmo tempo, era a prova do amor que os unia. Ele sentiu Tsubasa aumentar o ritmo, sabendo que estava chegando ao próprio limite.

Zero o ouviu chamar seu nome, ele o ouviu gemer e dizer que estava tão próximo, tão perto, que gozaria. Que precisava gozar. O ritmo aumentando, a forma como os corpos se moviam e se tocavam. A forma como ambos seguiram juntos até a plenitude e ao paraíso, morrendo de prazer no orgasmo e retornando.

Rei sentiu o líquido quente escorrendo por entre seus dedos e pelas coxas de Tsubasa, o corpo menor caindo por sobre o seu, ficando ali, sem se mover. Ele o manteve em seus braços já saindo de dentro dele e tentando não o machucar.

        — Amo você, Tsubasa. Não se esqueça disso, nem deixe ninguém fazê-lo acreditar do contrário. Você merece ser amado. Você é amado. Seu lugar é aqui, conosco. Com o nosso amor, sempre.  — Rei falara baixinho, vendo o moreno sorrir e concordar.

        — Também te amo, Rei. — Tsubasa fechou os olhos, se sentindo protegido e feliz. Tinha medo que aquilo terminaria de alguma forma.

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Kouga chegara novamente para ver o desgraçado do Hideki fugir, atingindo Leo e o ferindo de leve. Ele praguejou contra o cavaleiro, segurando a cintura do monge e o mantendo de pé.

        — Estou bem, Kouga-sama. Foi só um arranhão. Eu sabia que ele usava algum truque de magia na vestimenta, agora pude confirmar. Tudo na roupa dele possui um feitiço para aumentar o dano causado em alguém. — Leo dissera, já curando o ferimento no braço.

        — Vamos para a casa. Quero que você pense em algo para tirar esses feitiços. — Kouga levou o noivo de volta para a casa.

Os dois entraram na mansão, indo para a biblioteca. Gonza veio até Kouga, avisando que Rei e Tsubasa ainda estavam no quarto e possivelmente dormindo. Leo pegara os livros que precisava, começando a criar um feitiço para derrotar Hideki de uma vez por todas.

Kouga ouviu um barulho, virando e encontrando um sonolento Rei parado na porta, arrumando o cabelo negro atrás da orelha.

        — Tsubasa? — O ruivo perguntara.

        — Dormindo, mas está bem. Ainda assustado. — Rei falara olhando para o que Leo fazia. — Ele conseguiu escapar?

Kouga explicara sobre o que eles descobriram referente ao Hideki, vendo Rei concordar.

        — É só assim mesmo para ter sobrevivido até hoje, tem cara de covarde mentiroso mesmo. Quando fui atacado ele utilizou do fato que me pegou de surpresa para isso. — Rei confirmara, bocejando. — Bom, vou atrás de algo para comer.

O moreno saiu da biblioteca, indo até a cozinha e encontrando Gonza lá, pegando uma travessa de doce que ele fizera. “Ah, pavê de chocolate branco com frutas vermelhas.” Zero pensou, todo feliz. Ele foi para a sala de jantar, vendo que Kouga também fora para lá, saindo da biblioteca.

Kouga virou para o Rei, levantando a sobrancelha quando viu o que o moreno comia, com a maior cara de felicidade. Ele viu Rei se sentar na mesa ao seu lado, falando qualquer coisa sobre como pegar o Hideki, sem prestar atenção no que falava. Ele olhava para a forma com que Rei se inclinava na mesa, a usando de cadeira, a forma como passava a língua devagar pelo canto da boca e tirava um pedaço de doce dali.

Rei foi comer outra colher quando Kouga agarrara o seu braço.. “Ah droga” Zero pensou, ele ia começar a brigar e falar do doce. Ultimamente parecia que tinha arrumado uma mãe e não um noivo, sempre reclamando do que comia ou fazia.

        — Olha, eu sei que você não gosta que eu coma tanto doce e hunfffff. – Rei não pode continuar a falar, a boca de Kouga o impedia.

O beijo era violento, faminto, demandava atenção. Kouga o segurava pelo cabelo, fazendo com que encurvasse o corpo quase o derrubando da mesa. Rei estava sendo atacado, quase devorado pelo noivo. Ele viu o ruivo sair da cadeira, sem cortar o beijo, deitando o moreno na mesa, começando a puxar a roupa dele.

        — Humm, Kougff, ahhhh espera... KOUGA! Hunfff.... — Nem dava tempo para conseguir falar, a boca de Kouga não deixava e as mãos dele também não.

Rei soltara um grito baixo, a mão do ruivo entrara em sua calça e apertava com força seu sexo, o manipulando, o masturbando. Deuses o que era aquilo? Kouga não o deixava pensar, apenas agir. Soltou uma exclamação de surpresa quando ele arrancou sua calça, a jogando no chão e engolindo seu sexo todo de uma vez.

Kouga ficou entre as pernas de Rei, o segurando pela cintura, fazendo com que rebolasse. O moreno soltou um gemido longo, quase como um pequeno grito. Se não sabiam o que estavam fazendo ali até agora, com certeza não tinham mais dúvidas. O ruivo fazia com que Rei gritasse, implorasse, gemesse cada vez mais alto. Como ele conseguia fazer aquilo com a língua de qualquer forma? Era sempre a dúvida que ficava na cabeça do moreno. E que pouco importava a resposta contanto que ele continuasse a fazer.

Kouga empurrou Rei, virando ele na mesa e o encaixando em si, encontrando a primeira resistência na penetração, forçando e entrando todo no canal quente e apertado, ouvindo o gemido abafado de dor e prazer que somente Zero conseguia produzir. Aquela voz, sempre o enlouquecia. Falando em várias línguas, palavras baixas, de pura luxúria e desejo.

Rei só conseguia gemer e seguir as estocadas, aquilo o estava enlouquecendo. Kouga o segurava pelo cabelo, mordendo seu ombro, seu pescoço. Lambendo a pele mordida, voltando a beijá-lo. Sem parar de estocar, de entrar e sair de seu corpo, o levando para o limite.

Kouga entrou fundo, fazendo com que o Zero gritasse seu nome, os dois gozando juntos. Deixando o corpo cair por sobre o do moreno, ficaram ali parados e recuperando o fôlego.

            — Kouga, hum... não quero... cortar o clima e tudo o mais, mas você pesa. — O ruivo ouviu a voz de Rei, saindo de dentro dele e se jogando na cadeira. Ele puxou o noivo para si, o tirando da mesa e o colocando em seu colo. — Okay, não que eu esteja reclamando nem nada, sexo selvagem sobre a mesa da sala era um dos meus sonhos secretos, mas… o que deu em você?

        — Você, comendo doce. — Kouga passou a ver se o tinha machucado de alguma forma. — Eu fico enlouquecido com isso, com a forma que come qualquer tipo de doce. Só consigo pensar em provar se você é ainda mais doce do que o que está comendo.

        — .... okay, você tem tara comigo comendo doce? Obrigado, deuses por ser algo que gosto e muito. Já sei o que fazer quando quiser algum presente caro. — Rei ria. — Estou bem, meu príncipe. Precisa de mais do que isso para me quebrar.

        — Você brinca com o perigo, minha Gisele. — Kouga o beijou mais calmo, deixando que ele saísse de seu colo e se arrumasse.

        — A gente também, uma hora Gonza vai perder a paciência e vai nos matar. — Olhando a bagunça que fizeram, literalmente.

Kouga deu uma risada baixa enquanto fazia o mesmo, ouvindo barulho e virando para encontrar Leo ali entrando e sorrindo para eles.

        — Kouga-sama, descobri um feitiço para liquidar com o Hideki e todos os seus truques e trapaças madou. — O monge estava com o rosto meio corado, pegando os dois se arrumando e sabendo bem o que andaram fazendo.

        — Ótimo. — ele sorrira para o moreno, vendo Gonza entrar ali com um aviso nas mãos. — O que foi Gonza?

        — Kouga-sama, chegou esse aviso urgente do Senado. — O mordomo fez questão de nem prestar atenção na mesa ou na forma que Rei estava todo marcado, ou no sorriso de satisfação de Kouga.

Pegando a carta e a queimando, eles viram o aviso de Grace. Kaita Hideki fora para Kantai.

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Tsubasa tinha acabado de acordar, o moreno colocou a roupa e desceu as escadas. Ele foi seguindo o som das vozes e entrou na sala de jantar, vendo Kouga receber o aviso. O moreno deu um passo para trás ao ler as palavras que flutuavam. O que ele faria em Kantai… Deuses, Rin.

Não havia tempo para pensar ou esperar, aquele desgraçado não podia ficar próximo da sua irmã. Tsubasa pegou seu casaco e saiu da casa, indo direto para Kantai. Ele sabia bem porque Kaita fora para lá, sabia o recado que ele na realidade queria dizer.

        — Tsubasa, você não pode fazer isso! — A voz de Goruba fora ouvida. Tsubasa o havia colocado assim que se trocara.  — Volte e avise os outros.

        — Eu não posso, Goruba. Se não for até Kaita agora, ele machucará minha irmã. Sei o que me espera, mas não posso… — Tsubasa parou de falar, deixando que uma lágrima escorresse silenciosa.

Goruba entendera o resto, o bracelete se concentrou fazendo com que o elo fosse criado. Tsubasa chegou a Kantai, seguindo diretamente até a casa de seu clã. O lugar parecia vazio, mas o cavaleiro sabia que Kaita estava ali.

        — Tsu-chan, achei que não viria. — Ele ouviu a voz que tanto odiava, sentindo o medo dominar cada parte de seu corpo.

Tsubasa virou, encarando o ex-instrutor. Kaita percebeu que ele o enfrentava, não gostando daquilo. Ele fez aparecer em sua mão um chicote curto, vendo o moreno empalidecer. Assim era melhor, trazer de volta as boas lembranças que fizeram juntos.  Ainda assim, com todo o pânico e medo que demonstrava Tsubasa não recuou.

        — Eu vou gostar de ver quando Kouga o encontrar, Kaita. Eu vou gostar de te ouvir implorando para ele. — Tsubasa falou entre os dentes, vendo o rosto do ex-cavaleiro.

        — Irá se arrepender dessas palavras, Tsu-chan. — Kaita sorriu, acionando a armadilha preparada, vendo Tsubasa ser apanhado por correntes mágicas.

Dan começou a puxar o corpo, as correntes o prendendo ainda mais. Quando sentiu a primeira chicotada em sua pele, a única coisa que pensava era em seus noivos.

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Rei sentiu a dor em seu flanco, vendo Leo e Kouga levarem a mão para o mesmo ponto neles. Que foi aquilo? Parecia que tinha escutado Tsubasa gritar e depois a dor. Ele levantou o rosto vendo Leo sair correndo da sala.

        — Kouga, você também sentiu… — Rei dissera vendo a afirmativa do ruivo e Leo retornando.

        — Tsubasa-san não está no quarto, nem suas coisas. — Leo falara.

        — Ele foi para Kantai enfrentar Hideki. — Eruba disse, chamando a atenção dos cavaleiros. — Goruba criou o elo entre vocês e nos explicou o que ele fez. Ao que parece ele usava com Tsubasa essa ameaça, se ele não fosse encontrá-lo faria algo com Rin.

        — E Tsubasa decidiu ir sozinho, sem avisar ninguém? — Rei estava furioso.

        — Tsubasa sabia que não conseguiria vencê-lo sozinho, mas o elo entre vocês é muito forte e isso poderia levá-los até lá enquanto Hideki estivesse ocupado com ele. Não teria como ele fugir novamente. — Eruba disse. — Ele fez isso porque confia em vocês, Rei. Confia que chegarão e que derrotarão Hideki de uma vez por todas.

Rei ficou parado enquanto pensava que aquilo era uma droga. Lá ia ele de novo desconfiar de Tsubasa e julgá-lo. Era o mesmo pensamento que fizera com que Dan se jogasse sobre o Shijima. Ele não o venceria, mas o segurou o tempo suficiente para que Kouga o fizesse. Se sacrificar confiando neles era a forma que o cavaleiro branco dizia o quanto os amava. 

        — Vamos. — Kouga dissera entre os dentes. Era visível a fúria que tinha em seus olhos e corpo. Se algo acontecesse a Tsubasa, Hideki sofreria dez vezes mais.

 Gonza viu os três cavaleiros saírem, o mordomo pedindo aos deuses que desse tudo certo e que eles chegassem a tempo de salvar Tsubasa.

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Tsubasa engoliu o grito, a pele já estava toda ensanguentada. Os cortes pelo chicote eram profundos e seu corpo inteiro doía. Ele sabia que Kaita usava um feitiço para deixar o impacto ainda mais forte. Hideki havia tirado o seu casaco branco e a camisa que usava, ficando somente com a calça.

O ruivo queria saborear devagar daquela pele perfeita e ouvir a voz aveludada de seu Tsu-chan gritando, mas o moreno não parecia querer colaborar com isso. Queria aguardar um pouco antes de usar de outros artifícios, mas pelo visto não seria desse modo. Hideki pegou a espada, a passando na calça que Dan usava e vendo o sangue escorrer pela lâmina. O cavaleiro branco engoliu o grito, enquanto o tecido era cortado em pedaços.

Tsubasa sabia o que Hideki faria e já sentiu a onda de pânico o dominar novamente,  o medo pesar em seu corpo, mas acima disso ele podia escutar uma voz. Não, três vozes em sua mente, dizendo que ele podia vencer, que ele podia lutar. Sabia de quem eram aquelas vozes, elas estavam no seu coração. Usou toda a força que ainda tinha aproveitando que Kaita não esperava e o chutou, o acertando em cheio com ele caindo e se contorcendo.

Kaita estreitou os olhos e subiu pelo corpo de Tsubasa, desferindo um tapa forte no seu rosto vendo o sangue escorrer pelo lábio cortado. Já havia brincado demais, estava na hora de mostrar quem mandava ali. Ele segurou as pernas de Dan, ainda muito enfraquecido pelo longo tempo sem comer e pelo fator psicológico, forçando que ficassem abertas.

Puxando o cabelo do moreno com força, Kaita procurava o encaixe no corpo menor. O que era difícil, pois ele não parava de lutar. Mais alguns tapas e ele parara de se mover. Muito bom, não adiantava mesmo lutar contra o que era inevitável. Ouviu Tsubasa falar o nome do maldito cavaleiro dourado, bem baixo.

        — Tsu-chan, você ainda não aceitou a realidade? Seu príncipe encantado não virá para te salvar. Você é meu. — Kaita disse, abrindo o zíper da calça.

Tsubasa abriu os olhos, um soluço baixo e um sorriso da boca.

        — Mesmo? Isso é verdade, meu príncipe? Kouga. — Kaita estreitou os olhos, percebendo tardiamente que Tsubasa não olhava para ele e virando.

Foi um único golpe que o acertou no queixo. O barulho do osso se partindo e esfarelando ecoando pela casa. Kaita voou pelo cômodo, atravessando a parede e indo parar nas árvores do lado de fora.
Leo estava ao lado de Tsubasa, soltando as correntes com o seu pincel. Ouviu Rei soltar um palavrão tão forte e baixo enquanto Kouga apenas ficava calado.

        — Estou bem, vão atrás dele. — Dan falara, se soltando de Leo. — Kouga, não o deixe escapar.

Kouga fez um sim, Tsubasa queria ver Kaita Hideki ser detido. Os três seguiram para fora, vendo o ex-cavaleiro levantar. Leo levantou o pincel, fazendo com que todas as magias e ferramentas que Hideki usava fossem inutilizadas. O monge sorriu, vendo o rosto do ruivo ao ver Kouga se aproximar com o brilho da armadura dourada aparecendo.

        — Você acha que vai conseguir me deter, Garo? Me levar para o Senado me julgar e me matar de qualquer jeito? — Kaita sorriu e viu o cavaleiro dourado apenas colocar a espada em posição de defesa. — Eu vou escapar e continuar até conseguir o que é meu.

Kouga viu o ex-instrutor correr na sua direção bloqueando um ataque fraco enquanto ele tentava passar e seguir na direção onde Tsubasa estava. Empurrando o ruivo para trás, Garo o viu desferir outro golpe e perder o equilíbrio, caindo por sobre sua armadura. Em segundos Kaita foi consumido pelo metal dourado, gritando de raiva.

Tsubasa tentou levantar o corpo, ouvindo o grito de Kaita. O moreno fechou os olhos sem conseguir se sentir melhor com isso. Ele sentiu braços ao redor de seu pescoço e encontrou o rosto preocupado de sua irmã. Rin tinha lágrimas nos olhos e falava algo que não conseguia entender. Passou a mão do lado de seu corpo e sentiu a adaga haja ali. Oh. Kaita devia estar com ela ali quando fora atingido. Ouviu a voz dos noivos, vendo os rostos dos três surgirem. Foi a última coisa que conseguiu enxergar antes de perder a consciência.

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Kouga observou Kaita ser pulverizado por sua armadura, não sentindo remorso por sua morte, mas isso não o deixando feliz. Ele tirou a vestimenta dourada, voltando para a casa e vendo Rin com Tsubasa. O que era aquele sangue? Leo o alcançara com Rei, os três foram até Dan vendo a adaga cravada em seu flanco. O monge tratou com rapidez o ferimento e também os outros machucados. Pelo visto eles haviam chegado a tempo de qualquer tipo abuso sexual ser praticado.

        — Ele se defendeu bastante, pensando em vocês. — A voz de Goruba fora escutada, os três olhando para o bracelete. — Tsubasa sabia que chegariam e mesmo com medo não deixou Kaita vencer facilmente.

        — Essa é a nossa diva. — Rei falara com um sorriso doce no rosto. — Ele ficará bem?

        — Sim. — Leo olhou para a Rin, vendo Kouga ir até a menina e explicando o que tinha acontecido.

Rin foi escutando, a menina arregalou os olhos. Apesar de Kouga usar uma versão suavizada do que realmente acontecera, ainda era mais do que chocante para alguém descobrir aquilo sobre o irmão. Tsubasa a criara, ele era o pai e mãe que havia conhecido a vida inteira.

Eles estavam conversando quando Tsubasa acordou. O moreno viu onde estava e lembrou-se do que tinha acontecido. Kouga fez um sinal para os outros dois, todos saindo e deixando os irmãos sozinhos. O ruivo virou para ver a forma como o noivo ouvia a moça falar. Rin abraçara Tsubasa com força, o deixando em seus braços.

Rei foi até a cozinha da casa, vendo Leo e Kouga sentarem próximos. Estavam assim por um tempo quando Rin retornou os olhos avermelhados. Indo até cada um dos cavaleiros e os beijando no rosto, parando por último no Rei.

        — Obrigada por proteger e amar meu irmão. — A sacerdotisa disse, o sorriso meio triste em seu rosto. — Está na hora dele ir para casa.

Rei fez um sim com a cabeça, seguindo os outros até onde Tsubasa estava já trocado e arrumado. Ele viu Kouga se aproximar e o pegar no colo, com o moreno nem discutindo ou recusando. Estava na hora deles irem embora e voltarem para a casa.

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Tsubasa estava sentado, vendo Leo e Rei conversarem enquanto Kouga estava fora passando o relatório referente à morte de Kaita Hideki. Zero e o monge já haviam feito isso e como sempre o Senado exigia de Garo a parte mais detalhada. Era uma tarde tranquila, Gonza havia feito massa para o almoço e apesar da luta para comer, Tsubasa já se alimentava melhor.

Ele estava aproveitando para ouvir as músicas no celular de Rei e pensando um pouco sobre o que tinha acontecido e sobre o que aconteceria. Kouga havia marcado a data para o casamento deles e estava preparando as coisas para a cerimônia. Ele viu Rei se aproximar, o puxando para dançar.

When your whole world is shaken
From all the risks we have taken
Dance with me dance with me into the colors
Of the dusk

When you have awoken
From all the dreams broken
Come and dance with me
Dance with me into the colors
Of the dusk
Dance with me into the colors
Of the dusk

The paths we're walking on
They crumble behind us
But if we leave now
They will never
They will never find us

Kouga entrou em sua casa vendo os três noivos rindo e dançando. Era muito bom ouvir novamente a risada de Tsubasa depois de tudo o que acontecera. Ele voltara a treinar e já estava bem mais forte. Afinal ele era o cavaleiro makai branco e tinha orgulho disso.

        — Posso participar ou é só reservado para alguns poucos escolhidos essa dança? — o ruivo falara, atraindo a atenção dos três morenos.

        — Olha só, Kouga-kun querendo dançar.  — Rei falara brincando com os outros. Kouga foi até eles, pegando Tsubasa nos braços e dançando com o Dan.

And if this crazy world spins itself
Down to dust
I want to be with you
I'm gonna be with you
In the colors

When you again start hoping
With your arms wide open
Come on, dance with me
Oh, dance with me
Into the colors of the dusk

Tsubasa encostou o rosto no peito do noivo, fechando os olhos e seguindo a música. Os braços de Kouga em sua cintura o apertavam devagar e com força. O moreno levantou o rosto e aceitou o beijo do ruivo, finalmente o recebendo em casa.

Rei sentiu Leo encostar a cabeça em seu ombro, os dois sem tirar os olhos de Tsubasa e Kouga. Ainda havia muita coisa para eles resolverem, para Tsubasa enfrentar, mas estavam juntos nisso.

And all will be right
Will be right
Dancing like water with the light
Oh, dance with me
Dance with me
Into the colors of the dusk
Oh, dance with me into the colors
Of the dusk
Dance with me
Into the colors of the dusk

Rei puxou Leo e foi até os outros dois, abraçando Tsubasa junto de Kouga, a risada dele ecoando enquanto o Zero lhe fazia cócegas e Leo tentava não entrar no meio. Gonza ficou olhando a família que ele tinha e sorriu.

Um novo amanhecer se aproximava. Finalmente.

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Continua.





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